segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O homem que desafiou a máfia italiana

 Ele tinha apenas 25 anos quando decidiu se infliltrar na violenta máfia napolitana. Roberto Saviano é autor de "Gomorra", o livro foi publicado na Itália em 2006 e denuncia não só o poder criminal da organização, mas também o seu império econômico. Narrado em estilo literário, Gomorra vendeu mais de dois milhões de cópias na Itália e de três milhões e meio no mundo e tornou Saviano conhecido. O livro inspirou o filme Gomorra (2008), que ganhou a Palma de Ouro no festival de Cannes. A coragem do escritor o condenou para sempre. Ele é jurado de morte pela Camorra, máfia napolitana, Saviano vive enclausurado, sem endereço fixo e têm a proteção de forte escolta policial.

A correspondente Ilzi Scamparini entrevistou o jovem jornalista para o programa Milênio, da Globo News. Segue abaixo a entrevista feita em um esconderijo.

ENTREVISTA (PARTE 01)


ENTREVISTA (VÍDEO EXTRA)



Após a entrevista, a jornalista Ilze Scamparini escreveu no site do Milênio contando sobre sua percepção em relação ao Saviano.


"Eu tinha a intuição de que o Saviano iria desmarcar a entrevista, na primeira data fixada.
De fato aconteceu.

Acho que faz parte da estratégia de proteção ao escritor, que convive com uma sentença de morte que durará para sempre. Porque o lugar comum de que a “máfia não esquece” é absolutamente verdadeiro.

Quando, três dias depois, finalmente Saviano entrou naquela sala, foi simpatia ao primeiro contato. E admiração. Rapaz corajoso, que ousou desafiar os clans mais poderosos da Camorra. Mais do que isso, que decidiu voltar para a Itália, depois de uma temporada nos Estados Unidos. E voltou para participar ativamente da vida do país e contribuir com as iniciativas anti-máfia.

Mas a minha impressao é a de que ele nao irá suportar por muito tempo. Todas as pessoas ligadas a ele – cada um dos seus afetos – também correm risco de morte.
Saviano exprime uma profunda amargura, uma certeza meio trágica de que a sua vida praticamente acabou. Nunca mais a liberdade, um gesto simples, andar na rua ou possuir uma casa, desfrutar da felicidade de uma vida de casal.

Fatalmente terá que sair da Itália, anônimo em algum lugar do mundo, quem sabe até com um outro rosto.
Por ter falado a verdade.
Pela força das palavras.
Isso é o mais doloroso de aceitar."


por Ilze Scamparini


Primeiro Prêmio Esso de Jornalismo (1956)

Página do site do Prêmio Esso



Partiu do jornalista Ney Peixote do Valle a ideia da criação de um prêmio voltado para o reconhecimento do trabalho dos profissionais das redações. Repórter político do Diário Carioca, ele deixou a impressa em 1953 para trabalhar na companhia Esso. Para dar credibilidade ao projeto, uma das primeira medidas de Valle foi buscar parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), presidida por Herbet Moses.

Com o apoio da ABI e participação exclusiva de jornalistas na comissão julgadora, o projeto da empresa petrolífera conduzido por Ney Peixoto do Valle saiu do papel. Em 1956, foi lançada a primeira edição do Prêmio Esso de Reportagem, mais tarde rebatizado de Prêmio Esso de Jornalismo. A comissão julgadora era formada por nomes que participaram do processo de renovação e aperfeiçoamento dos padrões técnicos do jornalismo brasileiro. Além de Herbert Moses, presidente da ABI que participou da criação da prêmiação, o júri era composto por Alvez Pinheiro (O Globo), otto Lara Rezende (Manchete), Danton Jobim (Diário Carioca) e Antônio Callado (Correio da Manhã).

Inspirado no Pulitzer, principal prêmio de jornalismo americano, o Prêmio Esso foi criado adaptado à realidade brasileira. O resultado da primeira edição concedeu um prêmio único em 1956 para a revista O Cruzeiro pela reportagem "Uma tragédia brasileira: os paus-de-arara", de Mário de Moraes e Ubiratan de Lemos. Os jornalistas viajaram em um caminhão pau-de-arara do Rio de Janeiro para o Nordeste e do Nordeste de volta para o Rio, e os dois viveram as dificuldades enfrentadas pelos nordestinos que fogem da seca. Mário de Moraes chegou a contrair tifo na viagem e ficou doente por três meses. Com fotos produzidas por Mário de Moraes e texto informativo objetivo e rico em personagens de Ubiratan de Lemos, a reportagem mostrou as frustações dos retirantes em busca de uma vida melhor no Sul do país.

A produção e publicação da matéria na revista O Cruzeiro, em 22 de outubro de 1955, foi uma tarefa tão ou mais difícil do que a própria conquista do prêmio, que recebeu poucas inscrições em seu primeira ano:


“Naquele mesmo mês, outubro de 55, Amádio (José Amádio, diretor de redação do O Cruzeiro) Lemos suaram a camisa para fazer (...). Mário voltou com tifo e caiu de cama por três meses. Ubiratan ficou na pressão, mas nada de Amádio publicar. ‘Ele tinha horror a coisa de pobre’, diz Mário. No fechamento da edição de 22 de outubro de 55, faltou uma matéria paga que a sucursal de São Paulo deveria mandar. A reportagem finalmente saiu” (CARVALHO, 2001, p. 326)


No site do Prêmio Esso, na parte "Linha do Tempo" estão os vencedores de todas as edições. Atualmente, além do Prêmio Esso de Jornalismo, são distribuídos prêmios em 11 categorias, incluindo Criação Gráfica e Primeira Página. A televisão também passou a fazer parte do concurso desde 2001.